Um ano de Alemanha

NOTA: Esse texto foi escrito no dia 30.08.2018.

Hoje faz um ano que eu saí de casa. Passa um filme na minha cabeça do quanto de coisa que aconteceu nesse ano e como eu adoro um texto, cá estou eu.

Eu não simplesmente saí de casa. Eu saí para viver num país que eu nunca tinha cogitado nem visitar. Quando me perguntavam se eu sabia alguma palavra em alemão, eu já falava “só Heineken” – e depois ainda descobri que isso era holandês rs desculpe a minha ignorância.

As coisas simplesmente aconteceram, nem eu entendia direito o que eu estava fazendo, mas eu senti que precisava tentar, que iria me arrepender se não viesse e, em menos de dois meses, tivemos que resolver tudo, absolutamente tudo. Inclusive casar. BUM. Sim, me casei correndo, algo que nem deu tempo de processar direito.

Não foi fácil e não é fácil. Eu tinha acabado de me formar numa profissão que eu me identifico muito e escolhi vir para cá, sabendo que ia ter que lidar com a paciência, com a administração de uma casa, de uma vida a dois, mas escolhi vir. E fui feliz na minha escolha. Logo no começo iniciei o curso de alemão e eu não entendia absolutamente nada, mas depois de cinco meses estudando intensivamente, comecei a entender um pouco. A questão da amizade pegou também. No Brasil eu sempre tive vários grupinhos de amizade e aqui eu me identifiquei com poucas pessoas. Hoje, eu não me importo com isso, algo que viver aqui me ensinou. Sou muito grata por essas pessoas que entraram na minha vida. Também foi um pouco difícil ver pessoas que eu era bem próxima se afastando. Mas hoje eu também entendo.

Até a minha ida ao Brasil, confesso que eu só pensava em voltar. Eu já estava aqui há sete meses e sentia que a língua não estava evoluindo muito, eu estava trabalhando como babá, não gosto da culinária deles e muitas coisas na cultura também. E então, quando eu voltei do Brasil, me decidi que ia tentar qualquer trabalho registrado para a língua evoluir, para eu ter uma rotina mais fixa e para ganhar dinheiro, já que como fono não seria possível, pois eu precisaria do nível B2.2 em alemão (eu tentei também). Quem me conhece sabe que eu sou meio inquieta com isso. Em 3 dias que eu voltei do Brasil, consegui um emprego. Auxiliar de dentista. Sim. Com o meu alemão bem podre e meu inglês básico. Cada dia que passava, pensava “o que eu estou fazendo aqui?, mas me fez tão bem. Eu comecei a evoluir no alemão. Eu não posso dizer que sei falar, mas pelo menos os instrumentos dos dentistas eu sei tudo em alemão (risos) - não que isso vá ser útil na minha vida, mas é algo bem legal para contar para os netos um dia.

Cada dia é uma coisa nova. De tédio eu definitivamente não morro rs. Mas eu olho para trás e vejo o quanto valeu a pena. Nesse tempo, eu consegui visitar lugares novos e eu aprendi tanto como pessoa que não teria aprendido tão cedo se não fosse assim. E eu descobri que a vida de casado que quase todo mundo falava mal, na verdade, é maravilhosa. Hoje eu só tenho a agradecer pelo Rafa ter entrado na minha vida e por a gente ter vivido tudo o que a gente viveu. Eu não seria metade de mim sem ele. Aos meus pais, que mesmo com a coração cheio de saudade, me incentivam em tudo, sempre. Aos meus amigos, que sem eles, o que seria dos meus desabafos?

Para finalizar: Alemanha, eu ainda não te amo, mas eu amo as coisas que você plantou em mim.

Em breve, um próximo capítulo…

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